Eu me vi querendo escrever um conto, ou quem sabe um poema
Sobre uma menina que recebeu de presente escolhas;
Seu reflexo pulou do espelho e lhe disse, meio triste:
"Nada tema"
Pois naquela aventura, como num livro ao virar as folhas,
Poderia voltar no tempo.
"O que preferiste?"
Foi-lhe perguntado, sobre a infância,
Entre a brincadeira com mil pulos e a sem graça segurança.
Cicatrizes ou pele macia?
E ela refez a escolha que tanto temia.
A próxima parada, na puberdade
Mostrou-lhe seu reflexo confuso diante de tantas mudanças;
Abandono, risadas, amores, medo de perder cada instante
Valia tudo a pena para poder gerar uma vida?
Ela abraçou suas vergonhas e escolheu perseverança.
De supetão, chamaram-lhe adulta,
E comparado com aquilo, o resto era brincadeira de criança
Bom, na verdade, não;
Mas aprendeu que é cobrado um alto preço
Sempre que se avança.
Fosse falta de sono ou estresse,
O espelho não mentia
E por causa de cada marca, quilo ou estria,
O seu reflexo já não sorria;
Mas quando lhe foi perguntado se abriria mão do que sentiu ou sentia,
Notou que nem tudo é o que parece.
A verdade é que, quando se cresce,
Cada escolha, derrota ou conquista
Deixará sua marca, sentimento que brota e traz à memória
Não importa se grande ou pequena, notável ou nem vista,
Todas são pedaços da sua história.
E com toda escolha refeita,
A menina olhou seu reflexo, que em nada tinha mudado;
Só que agora ela se achava perfeita,
Porque valorizou cada passo e preço cobrado.
Seja isso poema, poesia ou prosa,
A mensagem foi dada, então de que importa?
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